sexta-feira, 30 de janeiro de 2004, by Fabricio von

Texto Non-sense, nº 3

-Aí sangue bom, tá vendo esses chocolate aí?
-Tô.
-Vamo robá!
-Ih... num vai dá merda não?
-Relaxa prayboy, é só botar debaixo da camisa...
-Já é, demorô...
Nisso o segurança do supermercado percebe o roubo e ativa o alarme.
-Fudeu, mané!! Fudeu!!
-Eu falei que ia dar merda!! Corre!!
Um escapa, mas o outro ladrãozinho pisa numa cebola que estava no chão e capota. O segurança alcança-o e leva-o para uma sala:
-Por que você roubou isso, rapaz?
-Eu não queria robá não, sangue bom! Quem deu idéia foi o Kléber Lucas!
-Quem é Kléber Lucas?
-O cara que vazou!
-Se esse Kléber se jogar na frente de um trem você também se joga?
-Não, viaja não...
-Então roubou porque quis! Qual teu nome, moleque?
-É Valdson. Que que tu vai fazer comigo, shock?
-Avisar seus pais!
-Tenho pai não...
-Tu mora com quem?
-Com o Kléber.
-Era só o que faltava... vou ter que chamar a polícia!
-Coé dá-fé?! Faz isso não!! Eu faço o que você quiser!
-Qualquer coisa?!
-Tudo, menos sexo com você...
-Presta atenção moleque!! Tu acha que eu tenho cara de tarado? Hein?! Olha pra mim!!
-Não senhor...
-Então você vai trabalhar aqui na loja pra pagar o que deve!
-Mas...
-Mas o cassete! Quer que eu chame a polícia?!
-Não! Me desculpa...
-Você começa agora, vem comigo!
O segurança puxa Valdson pelo pescoço e dirige-o até o frigorífico.
-Tu vai cortar carne até de noite pra pagar pelo que fez!
-Sim senhor...
-Ae pessoal! De olho nesse garoto aqui, ele foi pego roubando e vai pagar pelo que fez!
Os açougueiros fazem sinal de positivo. E Valdson não seria louco de tentar fugir, pois tinha um açougueiro que era maior que um boi. Um dos funcionários aproxima-se de Valdson e diz:
-Ae moleque, tá vendo aquele boi morto ali?
-Tô.
-Tira o leite dele, senão a carne fica ruim.
Valdson, muito inocente, meteu a mão na trolha do boi e puxou, pensando em se tratar de uma teta. Puxou, puxou, puxou e nada do leite sair. Todos os açougueiros riam da ingenuidade do menino. Vencido pelo cansaço, o pequeno criminoso pergunta se já não haviam retirado o leite do boi. Um açougueiro respondeu:
-Não, e se for necessário tu tem que morder a teta do boi pra tirar o leite.
O menino voltou até o boi e deu aquela mordida na "teta". E nessa mordida voou "leite de boi" pra tudo que é lado. Valdson, com a cara toda melada e meio desconfiado da textura e sabor do leite, perguntou se o leite estava coalhado. Os açougueiros, mijando de rir, responderam que sim. O ladrãozinho perguntou:
-Já posso ir embora?
-Não, - respondeu o açougueiro maior que um boi - tá pensando que é fácil assim?!
Valdson, morrendo de medo, fez sinal de negativo com a cabeça.
-Escuta aqui garoto, tu roubou, isso é errado! Você tem que pagar pelo que fez!
-Mas eu ja tirei o leite desse boi...
-Garoto ingênuo! O que tu mordeu foi o pinto do boi!
A ira toma conta de Valdson, que pega uma faca e a encrava na testa do "açougueiro-gigante".
Os outros açougueiros correm para socorrer o amigo, mas já era tarde. Revoltados, partem para cima de Valdson. Mas o "ordenhador" estava possuído pelo ódio, e mata os outros açougueiros. Ouvindo os gritos, um segurança corre para ver do que se tratava. Ao chegar no frigorífico, viu aquela carnificina, e a única coisa viva ali era Valdson, que tinha o corpo coberto de esperma e sangue. Assustado com o que viu, o segurança pede auxílio pelo rádio e, imediatamente após isso, Valdson vira um bicho e pula no pescoço do segurança, degolando-o com apenas uma mordida. Àquela altura Valdson já não era mais um humano, e sim um monstro sedento por sangue. O mercado foi evacuado, e após algum tempo a polícia cercou o local. Valdson andava de um lado para o outro da loja, como se estivesse procurando por algo. Um cientista observava-o através de uma janela, e disse que já viu um caso parecido na Suiça, de um homossexual que engoliu esperma de boi e saiu matando toda a sua família, alegando estar apaixonado pelo boi. A cidade toda estava com medo do monstro-engolidor-de-esperma sair do mercado e matar a todos. Um psiquiatra entrevistou funcionários do mercado que tiveram contato com Valdson, e o segurança contou que ele havia comentando sobre um tal de Kléber Lucas, que poderia ser seu único amigo. Procuraram por Kléber, e acabaram encontrando-o. Ele tinha medo de represálias devido ao roubo, mas o prefeito garantiu que aquilo era passado, e o que interessava naquele momento era apenas tentar reverter o quadro psicótico-neurótico-animal-assassino de Valdson. Kléber entra no mercado, e mal acredita ao ver seu parceiro de roubo. Valdson, além de estar coberto de esperma e sangue, andava como um macaco, usando as mãos e pés para apoiar-se. Mesmo com medo, Kléber aproximou-se de seu cúmplice e tentou conversar:
-Vald! Sou eu rapá... Kléber...
-Grrroooar...
-Carai, que nojo essa parada grudada na tua cara... Po aê, fala alguma coisa!
-Groooooooaarrr... chocolate....
-Tú qué chocolate?
-Grrooarr... tu vai comer chocolate, filho da puta!!
Valdson agarra Kléber pelos cabelos e leva-o até a bancada de doces, fazendo-o comer todos os chocolates que ali estavam. Kléber já não aguentava mais nada, mas o monstro obrigou-o também a comer um quilo de presunto, um quilo de azeitonas pretas, um repolho, dois pacotes de carne seca e dois quilos de cebola. Na última cebola, ele não aguentou e vomitou. Valdson forçou-o também a comer seu vômito. E continou a punição: três garrafas de refrigerante, dois tubos de mostarda, um pacote de dobradinha, quatro quilos de sabão em pó, três alfaces, dez litros de whisky e um ovo de codorna. No ovo Kléber teve um colapso e caiu no chão, todo cagado e vomitado. Valdson pisava em sua barriga, e quanto mais ele pisava, mais Kléber se cagava. Como se isso não bastasse, o monstro esfregou cocô na cara de Kléber, que acabou morrendo ali mesmo, de parada cardíaca e explosão estomacal. Isso foi o limite: o prefeito da cidade chamou o FBI, e vinte segundos depois quarenta homens armados até a alma invadiram o mercado, disparando mais de 800 tiros na cabeça de Valdson. Ele foi levado ao hospital ainda com vida, mas acabou morrendo cinco dias depois do massacre que marcou a história de uma pequena cidadezinha do interior. Hoje, todos os bois da cidade foram extintos, e as vacas nascem de inseminação artificial com esperma de ganso, alterado geneticamente.


Clique aqui e comente!

Nenhuma mongolice! Que derrota!