Texto Non-sense - Carol e Tonhão

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008, by Fabricio von

Era uma menina linda. Loirinha, olhos verdes, sempre com um sorriso estampado naquele rostinho angelical. Mas nem por isso Carol estava livre da malevolência alheia. Certas pessoas invejosas sempre tiveram raiva da perfeição corporal da pobre garota. "Seus olhos são verdes, mas são horrorosos!", gritava um tolo que sempre fora apaixonado por ela mas nunca teve chance alguma, mesmo sendo o mais popular entre as mulheres da universidade. E por isso mesmo ele não se conformava, já havia pegado todas as mulheres que sempre quis, menos Carol. Ela sempre relutou, defendeu-se de todas as formas, até mesmo socava-o. E a cada dia que se aproximava dela, a loirinha dava-lhe uma lição de moral que o arrasava na frente de todos. Tonhão, como era conhecido no meio estudantil, estava decidido a dar 'uns pegas' nela, nem que fosse à força.

Certa noite, quando Carol passou em um corredor escuro da faculdade, Tonhão apareceu e jogou-a contra a parede. A menina pôs-se a gritar, mas ele falou, meio que rindo:
-Pode gritar, ninguém vai te escutar aqui, todos deste andar já foram embora.
-Você é um abusado!
-Sou mesmo, agora vem cá me dar o beijo que você me deve há meses...
Carol olhou para o relógio, já eram 23h. Seu último ônibus já havia partido, ela estava morrendo de sono, com fome, estava esgotada. Em um acesso de raiva, ela desabafou:
-Olha, quer saber? Está tarde pra cacete já, e você fez eu perder meu ônibus! Anda, me beija logo! Me beija e some da minha frente!
No que Tonhão aproximou-se do rosto dela, ele sentiu uma coisa estranha, e não conseguiu beijá-la. Meio gaguejando, falou:
-Eu... Eu... eu tenho que ir!
E então ele foi embora, sem entender o que havia acontecido com ele. O pegador da universidade negou um beijo a uma menina linda como aquela. Como pode isso?! Carol estranhou, e foi embora sem nada falar.

No dia seguinte, Tonhão viu a lindinha chegando no prédio, e sentiu seu coração tremer como nunca antes sentira. Pois é, meus amigos, ele finalmente estava apaixonado. Quando foi contar o que estava sentindo a seus amigos, o pobre coitado foi menosprezado por eles, que não acreditavam que o pegador oficial estava de coração amolecido. Tonhão não entendia porque aquilo tinha que acontecer com ele, e tentou focar sua cabeça em outras coisas... em vão. Tudo o que fazia era pensar naquela boca linda que ele poderia ter beijado e não o fez. E nas semanas seguintes, a mesma cena se repetia: Tonhão observava Carol passar e sentia seu coração pular na boca. A menina via aquilo e não entendia a atitude do ex-garanhão, agora um menino até mesmo acanhado.

Já que estava sem a companhia de seus antigos amigos, Tonhão resolveu perguntar a uma professora o que ele deveria fazer:
-Ora Tonhão, - disse a simpática educadora - você tem que dizer a ela o que está sentindo!
-Que isso professora, eu sou pegador aqui na escola, vai pegar mal pro meu lado!
-Deixa de bobagem, menino! Você está apaixonado pela Carol, dá pra ver nos seus olhos!
-Isso nunca aconteceu comigo antes, estou agindo feito um idiota!
-É o amor, Tonhão... é o amor.
-O que eu faço, professora?
-Seja sutil, compre um presente para ela!
Tonhão ficou pensando naquilo, e realmente achou que dar um presente seria mais fácil de falar com ela. O problema é que ele era bruto, estúpido, nunca havia sido gentil com ninguém, e não tinha idéia do que dar de presente para ela.
Já em casa, ele ficou procurando alguma coisa para dar de presente para Carol. Mas ele nem mesmo pediu ajuda aos seus pais, pois, queria manter a fama de machão em casa também. No fim da tarde, teve uma idéia 'genial': flores! Toda mulher adora flores, raciocinou o idiota. Foi até o lado de fora da sua casa, e começou a procurar alguma flor na horta da sua mãe. Demorou, mas encontrou uma linda flor, grande e amarela. Com toda a delicadeza que só ele tinha, puxou-a pela raiz, deu uma sacudida pra tirar o excesso de terra e embrulhou-a em um papel de presente que estava jogado debaixo de sua cama desde o Natal passado. "Ela vai amar essa flor e vai ver que estou apaixonado por ela", pensou.

A noite caiu, e ele foi para a faculdade com o embrulho de presente debaixo do braço. Lá chegando, ficou sentado no mesmo lugar que ficava esperando Carol chegar. Ele estava nervoso, suas mãos suadas manchavam o papel de presente, mas ele era estúpido demais para perceber isso. Então a loirinha dos sonhos entrou pela porta da faculdade: camisa branca coladinha no corpo, cabelos soltos, e o característico sorriso estampado em sua face. Tonhão respirou fundo e gritou:
-Carol! Carol!
Ela viu o ex-pegador correr em sua direção, e já estava se esquivando:
-Sai pra lá, Tonhão! Não vou ser mais uma pra sua coleção!
-Calma Carol, não é nada disso... eu só quero te dar esse presente.
A menina arregalou os olhos e parecia não acreditar no que via.
-Tonhão, você anda muito estranho, todo mundo comenta. Você tá tomando droga?
-Não Carol... toma, abre, é pra você.
-Bem... eu... obrigada!
Tonhão estava nervoso. A loirinha começou a desembrulhar o embrulho, e então ele pôs-se a falar:
-Sabe, tipo assim, esses dias eu fiquei nervoso pacas, e eu acho que tenho que falar, mesmo estando nervoso, porque tipo assim, eu acho que...
Nisso Carol dá um grito e deixa o pacote cair no chão. Tonhão cala-se no ato, e a menina começa a berrar:
-Que porra é essa?! Tu tá maluco, seu doente mental?! Vai tomar no meio do olho do seu cu!! Me esquece!!
A menina saiu correndo, e Tonhão ficou ali, congelado, enquanto todos ao seu redor riam da sua cara de tacho, menos a professora que havia dado a dica para o menino. Ela aproximou-se dele, penalizada:
-Tonhão, o que foi que houve?
-Eu... eu... eu não sei! Eu dei uma flor, e ela gritou!
A professora olhou para o chão e viu a merda que o jumento havia feito.
-Tonhão, você está de sacanagem?
-Que sacanagem, professora?! A senhora mesma falou pra eu dar um presente pra ela, então eu decidi dar essa flor pra ela! Eu peguei lá em casa!
-Menino, isto não é bem uma flor... isto é uma couve-flor! E ainda tem um besouro grudado em cima dela!
Coitado do rapaz, ele nunca fora bom em biologia, nem ciências, nem em botânica. Pra falar a verdade ele nunca foi bom em nada, não se sabe como ele conseguiu entrar na faculdade. O fato é que o imbecil deu uma couve-flor de presente para Carol e, convenhamos, isso não é nada romântico. O rapaz voltou para casa arrasado, e naquela semana não apareceu na faculdade, estava envergonhado demais para ver Carol novamente. Abriu o jogo com seu pai, e este ainda riu da cara do filho, ignorante como só. Cada vez mais Tonhão sentia-se pior, em um mundo que não conspirava a seu favor.

Em uma madrugada de choro, ao olhar para a televisão ligada, viu o culto de uma igreja evangélica, no qual o pastor berrava palavras e a multidão aclamava-o como um santo. Tonhão ficou assistindo aquilo intrigado, não entendia como uma pessoa poderia exercer tanto poder sobre os outros apenas com as palavras, sem utilizar a brutalidade, característica marcante em toda sua família. Naquele momento ele percebeu que conquistaria Carol apenas de uma maneira: se fosse uma pessoa inteligente, culta e carismática. Foi dormir e, ao acordar, utilizou sua pouca capacidade intelectual para entrar no Google e pesquisar. E acabou encontrando as palavras mágicas: "Curso de Etiqueta e Boas Maneiras". Escondido da família, Tonhão trancou a faculdade e usou o dinheiro da mensalidade para custear o curso de etiqueta e boas maneiras. Com o passar das semanas, o então brutamontes transformou-se: passou a caminhar de maneira correta, usou roupas mais sociais e seu vocabulário foi completamente modificado. Palavras como 'bom dia' e 'por favor' eram uma constante na vida do ex-garanhão. Na última aula do curso, apresentou uma palestra de 40 minutos com o tema "A ausência do romantismo na sociedade moderna", texto de sua autoria, que arrancou aplausos de seus amigos de curso. Tonhão, que agora preferia ser chamado pelo nome de batismo (Marcos Antônio), era um novo homem. Agora sim, sentia-se preparado para declarar-se para Carol. Em alguns momentos pensava no incidente com a couve-flor, mas sabia que aquilo era passado. "A melhor maneira de construir meu futuro é fazer do meu presente a superação de minha vida", repetia para si mesmo. Passados quatro meses, ele estava pronto para retornar à faculdade e encarar novamente a mulher que abalou seu coração.

Ao chegar na faculdade, ninguém o reconheceu. Também pudera, era um novo homem, completamente transformado, física e mentalmente. Ao aproximar-se daquela professora que havia ajudado-o, ela ficou admirada com a transformação. Perguntou se era extreme makeover do programa do Gugu, mas ele respondeu polidamente que não, estava fazendo aquilo apenas para poder ter maior poder de persuasão com Carol, sua loira amada. A professora fez uma cara de preocupação, mas nada falou. Marcos Antônio, sorriu, despediu-se cordialmente e virou-se. E no que virou-se, lá estava ela: a mesma loirinha de olhos verdes com aquele sorriso estampado naquele rostinho angelical e... estava de mãos dadas com outro! Tonhão pirou. Não sabia se chorava educadamente secando as lágrimas com o lencinho de seda que levava no bolso ou se enforcava o filho da puta que havia roubado Carol. Mas isso só lhe passou pela cabeça, pois ele ficou ali, congelado, enquanto o casal passava pelo corredor. Por um momento, Carol deu uma olhada para o lado, e viu o renovado Tonhão. Ela apenas o reconheceu porque viu o mesmo olhar amedrontado que havia visto naquele dia que ele tentou beijá-la à força. Ela não entendia o que estava acontecendo ali. Falou alguma coisa no ouvido do menino que estava acompanhando-a, que sorriu e seguiu o caminho, enquanto Carol disfarçou e aproximou-se do ex-garanhão:
-Tonhão... é você?!
-Boa Noite, Carolina. Sim, sou eu, mas por favor, me chame de Marcos Antônio.
-Meu Deus, o que houve? Quem fez isso com você?
-Foi você. Você mudou completamente minha vida. Carolina, desde aquele episódio daquele legume que assemelhava-se a uma flor, eu só tenho pensado e vivido em função de você. Ah, sim, me perdoe por aquele incidente, foi de uma estupidez descomunal.
Carol ficou ali, boquiaberta, não acreditava no que estava vendo e ouvindo. Ele continuou:
-Eu era uma pessoa estúpida, só tinha atitudes fúteis para com os outros, e com você não foi diferente. Mas, por bem ou por mal, por infortúnio ou felicidade, o destino fez com que você fosse a pessoa que abriu meus olhos para algo muito maior. Você mudou completamente o meu modo de viver, de agir, de encarar a realidade. Sou um ser humano completamente renovado, e devo tudo isso ao sentimento mais nobre e puro que já tive em toda minha vida, e se há uma pessoa neste mundo cão no qual estamos inseridos que é a grande responsável, essa pessoa é você. Carolina, eu já sinto isso há alguns meses, mas só agora sinto-me preparado para te dizer uma coisa, que é muito importante para mim.
A loirinha, admirada, interrompeu-o.
-Calma Marcos! Olha, eu não sei o que houve com você, o que você está pensando, mas eu quero que você me ouça antes: aquele rapaz que entrou de mãos dadas comigo, não é meu namorado, é meu primo, ele tem síndrome do pânico e tem medo de andar sozinho por aí.
Aquelas palavras soaram como música clássica nos ouvidos de Tonhão. Ele sorriu com os olhos, e continuou ouvindo sua loirinha:
-Você está tão... tão... admirável! Eu não sei o que você fez, mas você melhorou eternamente - suspirou, meio que apaixonada.
Marcos Antônio não podia se conter de tanta felicidade. Após meses de treinamento e dúvidas, o melhor estava acontecendo na sua conturbada vida. Carol pegou em suas mãos, e disse:
-Agora vai, me diga o que de muito importante você ia me dizer...
-Pois bem! Chegou o momento tão esperado por mim! Carolina, eu...
Nisso um serial-killer adentrou a universidade e disparou contra todos que ali estavam. Ninguém sobreviveu.


Clique aqui e comente!

11 mongolices:

Stefanie disse...

A serial killer era eu 8D

Anônimo disse...

Ahhhh!!! serial killer ciumenta e c dor de cotovelo... me matou e matou o resto... :'(

Anônimo disse...

:O

Humberto Castro disse...

haUIOhauiohauiahouahiOuHaohahUioaHaiuhuioahUAhuHaiuhuaihiuhaiuHaiuhauiHiuahiouahiuOhaiouHauhiouahiOUHAuioHaiouHiuahIUahUOhaiouhhaiouhauio xD

Luana Piani disse...

euri ALTo, passei até pra frente essa hist. :}

Anônimo disse...

Epico!

mongolóide disse...

preciosos 10 minutos de minha vida gastos e que eu nunca vou recupera-los...


gostei!

Anônimo disse...

cara..ri pa caraio
levei até xingão
uuuu..
adorei!!!

lafayett disse...

ñn da para fazer um texto sem sacanear no final

Anônimo disse...

Vai tomá no cú meu,gastei o meu tempo,minha energia,minha visão pra ler essa desgraça q no final ñ deu em porra nenhuma...haa!!vai pro inferno...

mata cupins disse...

kkkkk, tá molhadinho o benzinho...